Hoje é festa da luz, luz que para nós é Jesus Cristo, apresentado ao Templo num gesto simbólico de consagração, mas hoje também é a festa da oferta e do encontro.
A comunidade cristã vê a luz como presente de Deus que a criou no primeiro dia da criação. Deus mesmo é luz e nele não há escuridão (cf. 1Jo 1,5). No Credo chamamos a Jesus de “luz da luz” e ele mesmo se denomina como luz do mundo (cf. Jo 8,12).
Em meio a escuridão do desânimo, do desencanto e do fracasso, brilha a luz de Deus. Deus socorre os que guardam a esperança quando se faz escuridão, quando ninguém sabe o caminho a seguir: O povo que estava nas trevas viu uma grande luz!
Jesus é também a oferta que é apresentada a Deus, oferta para ser consumida no altar da vida. Assim a vela que sinaliza este dia, é um símbolo apropriado de Jesus que se oferece por nós e, como uma vela se consome e ao se consumir ilumina.
Jesus é disponível ao fogo do amor que lhe vem do Pai e do Espírito Santo. Jesus se oferece ao fogo como a vela, para que este fogo possa iluminar e purificar, através dele toda a humanidade
Simeão profetiza e vê no menino uma luz para iluminar as nações. Ao consumir-se iluminando, Jesus possibilita o encontro. Ele reuniu a todos, fazendo de uma multidão dispersa, um só povo, porque Ele é nossa paz!
É a festa do encontro, como o foi para Simeão e Ana: nós vamos ao encontro da luz para sermos nós mesmos uma luz, pois somos filhos da luz. Pertencemos ao país da luz: a eternidade com Deus. Jesus disse: vós sois a luz do mundo. Esta luz que possibilita caminhar e encontrar-se com Deus e com os outros.
A Igreja no Brasil nos convida hoje a orar diante desta situação desoladora da pandemia com suas vítimas, da irresponsabilidade de muitos, diante da situação que exige de nós cristãos um belo “testemunho de coragem”, como nos ensina na Fratelli Tutti cap. 2., o papa Francisco. Somos todos convidados a manter a luz da esperança. “Está escuro mas eu canto”, dizia o poeta, nós podemos cantar, mesmo na escuridão e este canto anuncia a aurora: “o sol nascente que nos veio visitar”.
Mas hoje, além desta chamada de consciência para que sejamos filhos da luz, que possamos dar testemunho de coragem, somos convidados a bendizer a Deus pela vida consagrada na Igreja. Dia da Jornada mundial da Vida Consagras, instituída por S. João Paulo II em 1997, com a finalidade de ajudar a Igreja a valorizar o testemunho da vida consagrada. No Brasil os religiosos escolheram como tema: “A vida consagrada no coração da Igreja: testemunhas de uma certeza” e o lema: “Sei em quem acreditei, em quem coloquei minha confiança” (2Ts 1,12).
Vamos nos unir a todos os religiosos de nossa Diocese de Santo André e do mundo todo, para agradecer o dom do alto, a vocação deles para viver a mística da consagração total a Deus. Os religiosos (as) quando vivem sua vocação devem ser memória de Jesus para a Igreja. Como? Devem ser os que vivem de forma mais intensa as bem-aventuranças, através de seu carisma próprio. Mas isto deve ser de verdade, na prática. Até hoje tivemos muito discurso sobre isto, mas precisamos da prática. Por isso, se propõe a “refundação da vida Consagrada, ou seja, a volta ao Evangelho e ao Carisma”.
Que assim Deus nos ilumine com sua luz e nos ajude. AMÉM.
Dom Pedro Carlos Cipollini