Ao iniciar o novo ano, recordamos o que passou. Agradecemos a Deus por chegamos até aqui. Foi um ano terrível, mas o Senhor nos amparou.
A crise provocada pela pandemia se transformou num fenômeno global, agravando outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, econômica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incômodos.
O pensamento do Papa na sua mensagem pelo Dia da Paz, neste 1º de janeiro, pp. foi às pessoas que perderam um familiar ou uma pessoa querida ou a quem ficou sem emprego. Um agradecimento a quem trabalha em hospitais.
É sobre este ponto que desejo chamar sua atenção: o cuidado, o cuidar do outro, do meio ambiente, da vida. A pandemia ressaltou o papel do cuidador. Deles os enfermos receberam atenção e cuidado, salvando-se milhares de vidas.
Na Bíblia temos logo no início, no livro do Genesis, um episódio trágico: Caim mata seu irmão Abel. Deus lhe pergunta onde está seu irmão? Ele disfarça seu crime respondendo: Acaso sou guarda de meu irmão? Sim, no projeto de Deus, somos feitos guardiões do planeta Terra e cuidadores uns dos outros. Jesus encarna o ápice da revelação do amor do Pai que cuida da humanidade e diante do qual somos todos irmãos.
São Pedro vai escrever este trecho alentador: “Coloquem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que no momento certo Ele vos levante. Confiem em Deus toda vossa preocupação, pois é Ele quem cuida de vocês” (1Pr 5,6-7). Como é bom ter esta fé em um Deus que é Pai amoroso que tem cuidado de nós!
A “cultura do cuidado”, que brota do Evangelho, se aprimorou na Igreja com as obras de misericórdia corporal e espiritual. Elas se tornaram visíveis em hospitais, albergues para os pobres, orfanatos, lares para crianças e abrigos para forasteiros fundados pela Igreja.
Em nossa Diocese, temos o Vicariato da Caridade Social que ajuda a cuidar dos pobres e famintos. É um sinal da Igreja samaritana e cuidadora. Somos convidados a nos tornar profetas e testemunhas da cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais através da partilha do pão.
Todos ganham com a paz. Não poderá haver paz sem a cultura do cuidado. Ela é o contrário da cultura do lucro e da exploração, esta, uma das causas da pandemia que enfrentamos.
Deus Pai de bondade cuida de nós! Que Ele nos abençoe a todos neste novo ano. Coragem e vamos em frente!
* Artigo por Dom Pedro Carlos Cipollini para o Jornal A Boa Notícia