Bares do Grande ABC descumpriram ontem regras determinadas pelo Estado no primeiro fim de semana de sua vigência e mantiveram em operação o atendimento presencial no local depois das 20h, limite do prazo de funcionamento nas mesas. A medida anunciada na sexta-feira pelo governo de São Paulo integra lista de novas restrições na tentativa de conter avanço da pandemia de Covid-19. Em noite quente de domingo, os estabelecimentos esticaram a atividade para além do horário permitido, com venda de bebidas alcoólicas, em desrespeito às normas válidas desde sábado.
A equipe do Diário percorreu os principais corredores de bares em Santo André, São Bernardo e São Caetano, das 20h às 22h. Em todas essas cidades visitadas no período, houve flagra de estabelecimentos que ignoraram os protocolos de saúde, a exemplo de distanciamento físico, bem como a proibição de clientes em pé no local de consumo – a maioria dos espaços permitiu essa situação nas calçadas. Além do horário máximo das 20h, existe norma quanto à capacidade de público em bares e restaurantes limitada a 40% de cada espaço, e a mesa pode ter, no máximo, seis pessoas.
Os bairros boêmios da região estavam com os bares de portas abertas, com venda de bebidas alcoólicas. O início do horário de proibição coincidiu com o fim do clássico entre Corinthians e São Paulo, mas mesmo com o encerramento da partida, os estabelecimentos permaneceram com funcionamento ‘normal’. Ao menos 15 bares continuaram o atendimento presencial. A despeito de alguns poderem se enquadrar, como restaurantes, o que amplia o prazo para as 22h, o horário não vale para venda de bebidas alcoólicas.
Em Santo André, bares no entorno da Estação central e no quadrilátero do bairro Jardim operavam fora das regras. Entre eles, o Boteco Maria. Embora com medição de temperatura na entrada e disponibilização de álcool gel, o consumo de bebidas alcoólicas extrapolou o prazo permitido. O mesmo cenário aconteceu na Avenida Goiás, em São Caetano. Zangão Bar e Gargalo Bar, próximos à Câmara, funcionaram sem problemas com a venda após as 20h, sem qualquer interferência de fiscalização. A Avenida Kennedy, tradicional espaço de bares, era outro point, como verificado no Liverpool Bar.
Cliente em São Bernardo que preferiu não se identificar justificou que não existe estudo científico que possa endossar o critério de parar de vender bebida alcoólica neste horário. “A Covid vai embora após esse determinado prazo? Não tem cabimento. Para mim, isso é político”, disse.
O Estado, gerido por João Doria (PSDB), alegou que as restrições foram definidas devido à mudança de perfil etário na demanda por leitos hospitalares de Covid. Entre março e novembro, segundo dados do governo, a maioria das vagas era solicitada para pacientes com idade entre 55 e 75 anos. Nas últimas três semanas, os adultos jovens, com idade entre 30 e 50 anos, passaram a ser maioria entre essa demanda. Os jovens com idade entre 20 e 39 anos representam 40% dos novos casos confirmados e 3,6% das mortes por Covid.
Em nenhum momento o Diário identificou nestes corredores agentes de fiscalização para acompanhar se as novas regras estavam sendo respeitadas. O próprio governo estadual prometeu que daria suporte às prefeituras com a ampliação de profissionais da Vigilância Sanitária em apoio às equipes municipais, especialmente em cidades com mais de 70 mil habitantes.
Fonte: Diário do Grande ABC