Há três anos, no dia 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco canonizou os protomártires brasileiros padres André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro e o leigo Mateus Moreira, juntamente com outros 27 companheiros fiéis de Cunhaú e Uruaçu que morreram em dois massacres registrados no Rio Grande do Norte, no ano de 1645, cometidos por soldados holandeses e índios potiguares, com aversão contra os católicos.
Segundo relatos, o camponês Mateus Moreira, que participava de uma missa no dia 3 de outubro de 1645, foi executado juntamente com todos os fiéis e o padre Ambrósio Francisco Ferro, celebrante que também foi martirizado. O leigo Mateus teve o coração arrancado pelas costas. Porém, antes de morrer ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia e conseguiu bradar em alta voz: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”. Séculos depois, após ser beatificado no dia 5 de março de 2000 pelo Papa João Paulo II, o futuro santo mártir se tornou “Patrono dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística”, durante a 43ª
Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), realizada em 2005, e aprovado pela Santa Sé, através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
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Símbolo da fidelidade a Cristo
Mas qual o motivo de destacarmos especialmente a passagem de Mateus Moreira, dentre os outros protomártires? Porque a Diocese de Santo André acaba de ganhar uma imagem do protomártir brasileiro que simboliza, mais do que nunca, o legado da pregação do evangelho, a fidelidade a Cristo e a defesa do projeto de Deus para a humanidade, diante dos desafios e da intolerância religiosa presente no mundo. Tradicionalmente, a representação de São Mateus Moreira é encontrada na Arquidiocese de Natal, onde existe paróquia dedicada ao santo, no município de Parnamirim, sendo assim, a Diocese de Santo André é uma das primeiras a contar com uma imagem do mártir.
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Campanha para construção da imagem
E neste sentido, a unidade diocesana entre os ministros das dez regiões pastorais foi fundamental para que o sonho se tornasse realidade, como afirma o casal coordenador da Comissão dos Ministérios Extraordinários da Diocese de Santo André, Maria da Penha Santos e Cláudio Manoel Pestana. “A ideia de elaborar a imagem surgiu em uma reunião da CDME (Comissão Diocesana dos Ministérios Extraordinários). Houve um Encontro Formativo, no auditório da Cúria, que falava um pouco sobre a vida de São Mateus Moreira. Daí nosso assessor diocesano Pe. Gonise Portugal sugeriu de fazermos a imagem do Padroeiro dos Ministros Extraordinários da Comunhão”, recorda. “Os ministros aderiram prontamente e colaboraram com ofertas durante os Encontros Formativos”, acrescenta.
Com a chegada da pandemia, a CDME lançou um modelo de máscaras personalizadas, as quais foram oferecidas para todos os coordenadores paroquiais dos Ministros Extraordinários, os quais através de divulgação, alcançou-se o valor de objetivo que ainda seria necessário para liquidar o compromisso assumido. De acordo com Cláudio, aproximadamente duas mil máscaras foram comercializadas neste período. “Não houve em qualquer momento obrigatoriedade alguma em aquisição das máscaras, a maioria dos ministros se uniram na causa imediatamente”, reitera Penha.
Sete meses de trabalho
O trabalho teve início em fevereiro deste ano – um mês antes da pandemia da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, sendo realizado pelo artista Lino Cândido de Matos, 79 anos, da cidade de Ipaussu, no interior paulista, que entregou a obra concluída em setembro de 2020. A imagem de São Mateus Moreira possui um metro e meio de altura e foi esculpida em madeira maciça e pintada a mão pelo artista. Ela se encontra na Paróquia Santa Maria, na Região São Bernardo – Anchieta, onde Pe. Gonise é pároco e coordenador regional.