Leituras: Ap. 11,19 -10; 1Cor 15,20-27; Lc 1,39 – 56
Irmãos e Irmãs, celebramos a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. É a terceira e a última solenidade de Maria neste ano litúrgico. Os mistérios da vida de Maria, vividos no mistério de Cristo, estão no coração de cada cristão. Estes mistérios acompanham e perpassam todo o Ano Litúrgico: a Imaculada Conceição, no Advento; a Mãe de Deus, na oitava do Natal; a Assunção, no Tempo Comum. A Virgindade de Maria, sem ter festa especial perpassa tudo o que na liturgia se refere a ela. Estes são os quatro dogmas de fé marianos, ou verdades de fé a respeito de Maria que a Igreja professa.
Esta solenidade vem colocada em agosto, meio do ano, tem a força de reanimar a caminhada da Comunidade Cristã, fazendo a Comunidade voltar o seu coração e o seu olhar para aquela que já nos precedeu na glória do Pai com seu Filho Jesus. É festa da esperança: alguém do povo de Deus, imagem de toda a Igreja, já participa em plenitude, de corpo e alma, da glória da Cabeça da Igreja, que é Jesus, o Filho de Deus. Quem com Ele sofre será glorificado (cf. Rm 8, 17).
Nós acreditamos que Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, sua primeira discípula que seguiu Jesus de Belém até o Calvário e esteve presente em Pentecostes entre os Apóstolos, foi elevada ao céu em corpo e alma. Está gloriosa no céu aquela que se humilhou e agora foi exaltada. Esta glória espera a cada um de nós que com Maria procura realizar em sua vida o plano de Deus. Assim todo o nosso ser, e também nosso corpo está destinado à glória com Cristo e Maria.
Maria morreu sem deixar atrás de si resquício, vestígio de mal, de pecado. O juízo de Deus sobre ela terminou na sua morte, numa sentença de plenitude: Deus assumiu, tomou para si Maria, em sua totalidade, em corpo e alma. Nós ressuscitaremos na morte, mas nossa ressurreição ainda não está completa. O juízo de Deus não terminou sobre o que deixamos de pecado na história. Só no final dos tempos tudo estará redimido, até as consequências de nossos pecados que ficaram por aqui após nossa morte.
Quando celebramos esta festa, celebramos as grandes coisas que Deus realizou na Mãe de seu Filho, como ela canta no Magnificat: “O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome.”. Deus realiza assim também grandes coisas em cada um de nós, chamando-nos sempre a participar da sua glória com Cristo e Maria. Por isso a dignidade do corpo humano deve ser respeitada, e não deve ser profanado pelo pecado e pelas situações que atentam contra a vida. É preciso respeito para conosco mesmos e para com os outros. A fome, a miséria, a violência, os assassinatos, o aborto, a falta de cultura, educação, moradia, impostas à maioria do nosso povo, constitui um atentado à dignidade do ser humano. O corpo humano é sagrado, é templo de Deus.
Na primeira leitura do livro do Apocalipse de São João, na visão profética do Apóstolo, aparece no Templo a Arca da Aliança, figura de Maria, Arca da Nova Aliança, que traz Jesus o Filho de Deus em seu seio. Depois aparece um grande sinal: uma mulher vestida de sol, isto é, revestida do poder de Deus; com a lua sob os pés: é Senhora dos tempos; e com uma coroa de doze estrelas na cabeça: alusão às doze tribos de Israel e também aos doze Apóstolos, colunas da Igreja. Aparece também um grande Dragão cor de fogo, símbolo do mal insuflado por Satanáz. Ele é totalmente imperfeito: sete cabeças e dez chifres. O mal não domina tudo: com a cauda varria a terça parte das estrelas do céu. Parou diante da Mulher que estava para dar à luz, pronto para devorar seu Filho logo que nascesse. Este Filho é Jesus, combatido pelos malvados de todos os tempos. Mas ele o Filho vence e governa tudo com cetro de ferro.
Tudo isso se realizou por meio de Maria, a Mãe do Salvador. Cristo, filho de Maria, é o vencedor. Entretanto, para que a humanidade possa gozar plenamente da vitória dele, é necessário que, como Cristo, persevere a luta. Neste duro combate o homem é sustentado pela fé em Cristo, por sua Palavra, a Eucaristia e pelo poder da graça.
A Segunda leitura da Carta de São Paulo aos Coríntios apresenta Cristo como primícias dos ressuscitados, conclui que um dia todos os fiéis terão parte em sua glorificação. Contudo, segundo uma ordem determinada: “Em primeiro lugar Cristo como primícias; depois, os que pertencem a Cristo”. Entre os que pertencem a Cristo cabe o primeiro lugar, obviamente, Maria sua Mãe, que foi sempre dele porque jamais manchada pelo pecado. Maria é a única criatura em quem nunca foi ofuscada a imagem de Deus. Dela Deus recebeu sempre total resposta de amor: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.
Grande conforto é encontrar ao longo do caminho espiritual, muitas vezes penoso e cheio de dificuldades, a suave figura de Maria. Neste tempo que vivemos de incertezas, desânimo, cansaço, falta de esperança, encontramos em Nossa Senhora elevada ao céu, nova força, nova esperança, novo vigor para retomar a estrada que nos conduz ao seu Filho Jesus, sobretudo pela oração do Rosário que é um resumo de todo o Evangelho. A Igreja gosta de rezar em comunhão com a Virgem Maria, para exaltar com ela as grandes coisas que Deus realizou nela e para confiar-lhe súplicas e louvores. Quando rezamos a Maria, aderimos com ela ao plano do Pai, que envia seu Filho para salvar todos os homens. Ela já está lá onde deveremos chegar, ela nos espera, fazendo de tudo para ajudar-nos nesta travessia, rumo à nossa meta que é a plenitude de nossa vida no amor de Deus.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! AMÉM