17º Domingo do Tempo Comum – Ano A
26/07/2020
Leituras: 1 Reis 3,5.7-12; Rm 8,28-30; Mt 13,44-52
A liturgia deste domingo convida-nos a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. O que fazer da vida? O que é mais importante? O cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus. Você está fazendo isto?
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o modelo do homem “sábio”. Consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores falsos.
No Evangelho, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano. Este Reino ou Reinado de Deus, é o centro da missão de Jesus e deve ser o centro de nossa vida
A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. O Reino que Paulo chama de “liberdade no Espírito” é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
Algumas pessoas e grupos manipulam a opinião pública para vender a ideia de que, a realização do indivíduo está num conjunto de valores, que decidem, quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades efémeras, materiais, secundárias, relativas: ser rico, não precisar trabalhar, ter fama, e sobretudo ter poder.
O homem “sábio”, contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso, que distingue o que apenas tem um brilho passageiro daquilo que, na essência, é um tesouro que importa conservar.
O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada. Como é que eu me situo face a isto?
A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objetivo não deve ser a realização dos próprios interesses pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum..
O texto do Evangelho deste domingo abordada a questão da descoberta do valor e da importância do Reino (pedra preciosa). A parábola do tesouro escondido e pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade, de serviço, de reconciliação que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso, que os seguidores de Jesus devem encontrar e comprar, antes de qualquer outra coisa. Os cristãos são, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino de Deus que é um modo de vida no qual Deus reina. Não é um lugar.
Será que nós compreendemos isto? Ora, “compreender”, significa “prestar atenção” e “comprometer-se” com o ensinamento proposto. Os cristãos são convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. .
A primeira e mais importante questão é a das nossas prioridades. Para Jesus, não há qualquer dúvida: ser discípulo é ter como prioridade, como objetivo mais importante, como valor fundamental, o Reino. O cristão vive no meio do mundo. É desafiado todos os dias pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens materiais seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha.
O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço.
O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e simplicidade.
Nós cristãos fazemos nossa caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto suficiência, a independência; mas já aprendemos, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade, justiça e paz…
O que comanda a minha vida? Quais os valores pelos quais eu e você somos capazes de deixar tudo que me impede de optar pelo Reino? Que significado têm as propostas de Jesus na sua escala de valores?
A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite, hesitações. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. O papa Francisco aconselha a levar conosco um pequeno exemplar do evangelho, tê-lo à mão. Assim ele nos impregnará através da leitura contínua.
A minha opção pelo Reino é radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos inúteis, com hipocrisias e incoerências? Nesta questão do Reino, Jesus não faz desconto pra ninguém: é pegar ou largar.
São Paulo na segunda leitura fala do projeto de Deus. Esse projeto, o Reino de Deus, não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus. Deus nos criou para um mundo de justiça e paz, não para o mundo do pecado contrário ao projeto de Deus.
Aos que aderem a seu projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo, do pecado e fá-los, chegar à vida nova e plena: vida eterna. Diante da oferta de Deus, somos livres de fazer as nossas opções – opções que Deus respeita.
Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha? O Reino é o “valor mais alto”, o “tesouro” pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu batismo.
Que Deus nos dê a graça de entrar no seu Reino. AMÉM