Homilia: At, 12, 1-11; 2 Tim 4, 6; Mt 16, 13-19
Desde o século III a Liturgia une na mesma celebração as duas colunas da Igreja, Pedro e Paulo. Eles simbolizam todo o Colégio Apostólico. Jesus chamou Pedro que era pescador, mantinha sua família com seu trabalho, e confiou-lhe a missão de guiar e confirmar os irmãos na fé. É uma das primeiras testemunhas de Jesus ressuscitado e, como arauto do Evangelho, toma consciência da necessidade de abrir a Igreja a todos os povos pagãos (At 10-11). São Pedro foi apresentado a Jesus pelo seu irmão Santo André.
Paulo de Tarso, perseguidor da Igreja, converte-se após um encontro misterioso com Cristo ressuscitado. A partir daí sua vivacidade e inteligência são postos ao serviço do Evangelho. Fortemente apaixonado por Cristo, se torna missionário para anunciar o Reino de Deus. Depois de terem sofrido toda a espécie de perseguições, Pedro e Paulo são martirizados em Roma. Assim, “plantaram” a Igreja de Deus, regando-a com o seu sangue.
Primeira leitura (At 12,1-11). Pelos anos 41-44 da nossa era, reinava na Judeia Herodes Agripa, ele moveu uma perseguição contra a Igreja de Jerusalém a fim de agradar os chefes judeus. Foi por essa ocasião que Pedro foi preso, e teria a mesma sorte de Jesus, se Deus não tivesse intervindo com um milagre (vv. 1-4): um anjo libertou Pedro da prisão. Tal fato reforçou a fé dos cristãos. No evento foi importante a oração da Igreja, comsciente da missão singular de Pedro.
A Segunda leitura (2 Tm 4,6), apresenta-nos o que podemos chamar o testamento de Paulo. Ele pressente próxima a sua morte e dá a conhecer o seu estado de espírito: sente-se só e abandonado pelos irmãos, mas não vítima, nada de “vitimismo”, porque a sua consciência está tranquila e o Senhor está com ele. Guardou a fé e cumpriu a sua vocação missionária com fidelidade. Quer morrer como viveu, isto é, como verdadeiro lutador, uma vez que se entregou totalmente a Deus e aos irmãos. A vitória é certa! As suas palavras são já um cântico de vitória.
Evangelho: Qual é essência do cristianismo? Qual a raiz de nossa fé? É Jesus, mas quem é ele? O povo reconhecia Jesus como um profeta. Mas os Doze têm uma opinião muito própria, que é expressa por Pedro: Jesus é o Messias, o Filho de Deus (cf. v. 16). Isto faz toda a diferença! Essa opinião, mais do que baseada na experiência que tinham de Jesus, era fruto da ação do Espírito Santo neles: “não foi a carne nem o sangue que te revelou, mas o meu Pai que está no Céu.” (v. 17). Por causa desta confissão ou ato de fé, Pedro será a rocha sobre a qual Cristo edificará a sua Igreja. A Pedro e aos seus sucessores é confiada a missão de serem o fundamento visível da realidade invisível da fé em Cristo Ressuscitado. Pedro deve presidir a Igreja toda na caridade. O poder de ligar e desligar, expresso nas chaves do Reino, indica a autoridade sobre a Igreja.
Celebrar os Apóstolos Pedro e Paulo é um testemunho de fé na Igreja “una, santa, católica, apostólica”. Pedro é a pedra que se apoia diretamente sobre a pedra angular que é Cristo. Pedro, e Paulo são os últimos elos de uma corrente que nos liga a Jesus. Celebrando Pedro e Paulo celebramos os “fundadores” da nossa vida de fé, os pais dos cristãos. Ambos foram martirizados em Roma no ano 64 d. C. na primeira perseguição ordenada pelo imperador Nero.
O Novo Testamento permite-nos reconstruir, o itinerário da vida dos dois apóstolos. Pedro atuou em Jerusalém, Antioquia e finalmente em Roma. Em Roma Pedro animou a fé dos cristãos, esteve preso, e foi morto na Colina do Vaticano, onde ficou para sempre. Não só com o seu túmulo, mas também com o seu mandato: ficou naqueles que lhe sucederam naquela que os cristãos chamaram sempre “a cátedra de Pedro”, até ao papa que hoje governa a Igreja: Papa Francisco. Nele, Pedro continua a ser “a rocha”, sobre a qual Cristo vai edificar sua Igreja, o sinal da unidade para “aqueles que invocam o nome de Jesus”.
O seu martírio revelou a substância da sua fé: amor que dá a vida. A evangelização das duas colunas da Igreja apoia-se, não sobre uma mensagem intelectual, mas na prática da Palavra do Evangelho.
O lugar de Pedro e dos seus sucessores não é um cargo honorífico ou recompensa de méritos. É um serviço, o serviço de apascentar as ovelhas do Senhor: “Apascenta as minhas ovelhas”, disse Jesus (Jo 21, 15ss). O que mais Jesus confiou a São Pedro? Confiou sua própria missão de Servo e Pastor. Testemunha de Cristo, pastor e servo dos fiéis. Estas são prerrogativas que, de Cristo passaram a Pedro e, de Pedro, aos seus sucessores. Rezemos pelo Santo Padre o papa (hoje é dia do papa), sucessor de Pedro, para que Ele, que lhe confiou esta missão, o ilumine e o torne, cada vez mais, capaz de confirmar na fé os seus irmãos.
Conclusão
Pedro foi libertado da prisão em Jerusalém. Mais tarde em Roma foi preso e Deus não o libertou e ele foi martirizado. A mesma coisa aconteceu com S. Paulo. Por que esta diferença na ação de Deus? Porque tudo tem seu tempo. Pedro já havia cumprido sua missão e Paulo também. Deus não os abandonou à morte, mas os libertou e deu-lhes a oportunidade de dar testemunho com a própria vida. Assim assemelharam-se a Jesus na sua morte. Por isso são glorificados com Cristo na sua Vitória Pascal.
São Pedro é o continuador da missão de Cristo na terra: o vigário de Cristo, como Santa Catarina de Sena chamava o Papa. É de certo modo o Cristo velado, como na Eucaristia, na Palavra. O seu ensino é o de Cristo. Nosso Senhor prometeu antecipadamente a Pedro a sua primazia, que é a continuação do poder de Cristo: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as potências do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). «Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares será ligado e tudo o que desligares será desligado» (Mt 16, 19). «Quando fores convertido, confirmarás os teus irmãos» (Lc 22, 32). Nosso Senhor realizou a sua promessa. Transmitiu a Pedro a sua autoridade de pastor: «Pedro, porque me amas muito, porque me amas mais do que os outros, apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas».