O Grande ABC recebeu reforços importantes na luta contra a pandemia do novo coronavírus. Nos últimos dez dias, cinco das sete cidades – Diadema e Rio Grande da Serra não foram contempladas – passaram a contar com mais 100 respiradores enviados por meio de convênio do governo do Estado com o Ministério da Saúde. Com isso, subiu para 388, ou seja, em 25,7%, a oferta de leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) exclusivos para o tratamento da Covid-19 na região.
Destes 100 novos equipamentos, 50 chegaram ao Grande ABC na semana passada, sendo 30 para São Bernardo, dez para São Caetano e dez para Santo André. Ontem, o governo estadual anunciou outros 50 respiradores, sendo que Santo André foi contemplada com 15, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires, com dez cada uma, e Mauá, com cinco.
Santo André, quando contabilizados estes 15 aparelhos, terá 100 à disposição dos munícipes. São Bernardo, por sua vez, alcançará 151. São Caetano contabilizará 60 e Mauá, 30. Ribeirão Pires, por sua vez, poderá instalar suas dez primeiras UTIs – o município já conta com sete respiradores, mas estão instalados em unidade semi-intensiva do hospital de campanha.
A cidade de Diadema, que anseia pela adaptação do quarto andar do Quarteirão da Saúde em um hospital de campanha, não foi agraciada, segundo resposta da Prefeitura, e segue com 30 leitos de UTI (incluindo os alugados no Hospital Dom Alvarenga, na Zona Sul de São Paulo). Já Rio Grande da Serra, que também ficou fora do repasse, segue sem nenhuma acomodação do tipo.
Segundo a pneumologista e docente do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Mônica Silveira Lapa, estes equipamentos “são fundamentais para os casos graves de Covid-19 que necessitem intubação por insuficiência respiratória”. “Eles ajudam a ventilar os pulmões que estão inflamados e com dificuldade de fazer a troca gasosa. Sem os ventiladores, o paciente muito grave pode ter uma evolução muito ruim”, explicou.
As doações do governo atendem a pleitos das prefeituras. “O governo do Estado está agindo rapidamente, seja na aquisição, no preparo e na destinação destes equipamentos em tempo hábil para a assistência dos pacientes por meio de serviços públicos de saúde”, afirmou o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.
Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, o governo enviará mais aparelhos nos próximos dias. “Vamos entregar 830 respiradores até o fim da semana, 150 por dia, em média, que serão distribuídos nos lugares que mais precisam, ou seja, com taxas de ocupação maiores e onde eles são funcionais, onde se tornam leitos de UTI de fato, de maneira rápida e contundente”, declarou.
Segundo boletim epidemiológico do Estado, a Região Metropolitana conta atualmente com ocupação em 75,5% das unidades de terapia intensiva.
Estes índices variam muito entre as cidades do Grande ABC (em leitos públicos). Em Santo André, são 51% de ocupação em leitos de UTI. Já em São Bernardo, este número é de 69%. São Caetano, por sua vez, registra 38% de taxa nas unidades de terapia intensiva na rede pública. Em Ribeirão Pires há ocupação de 43% dos leitos semi-intensivos, onde estão os ventiladores mecânicos. Sem especificar se as porcentagens são relativas somente a UTI ou se está contabilizada também a ocupação das enfermarias, Mauá tem 90% de leitos preenchidos e Diadema, 84%.
Instituto Mauá aguarda aval da Anvisa
Tão logo o Grande ABC registrou os primeiros casos de pessoas contaminadas e óbitos em decorrência do novo coronavírus, empresas e entidades passaram a buscar alternativas para auxiliar na prevenção e combate à doença. Uma delas foi o Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano, que, em 31 de março (ou seja, duas semanas após a identificação do primeiro paciente com Covid-19 na região), divulgou o desenvolvimento de ventilador mecânico (respirador pulmonar) de baixo custo para equipar as unidades de saúde.
E o equipamento, construído em parceria de ex-aluno, profissionais do próprio instituto e a Mercedes-Benz, foi testado e aprovado em avaliação de equipe formada por médicos, fisioterapeutas, anestesistas e diretores da Santa Casa de São Paulo e do Hospital Mário Covas, de Santo André.
Agora, o Instituto Mauá de Tecnologia e os envolvidos aguardam liberação do equipamento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em nota, a instituição são-caetanense afirmou que “está à disposição da sociedade para (o aparato) ser utilizado em uma situação de emergência ou colapso dos hospitais. O pedido de homologação já foi protocolado”.
O protótipo do ventilador mecânico foi inspirado em modelo europeu. A apresentação ficou por conta dos engenheiros e empresários David Sanchez e Marco Veiga, sendo este ex-aluno do Instituto Mauá de Tecnologia, ao também engenheiro e responsável pelo FabLab Mauá, professor Rodrigo Mangoni Nicola, e ao engenheiro Guilherme Ikeda.
Depois de aperfeiçoamento e simplificação – a fim encontrar alternativas para a alta demanda mundial na busca por peças para construir e realizar a manutenção nos respiradores –, que contou com a participação de estudantes do FabLab Mauá, chegou-se a modelo final do equipamento, produzido pela Mercedes-Benz, que está preparada para fabricar o ventilador mecânico em larga escala.
Utilizando sua estrutura, profissionais e alunos, a instituição de ensino também vem produzindo máscaras faciais (estilo face shield), as quais forneceu para prefeituras de três cidades da região: São Caetano, Santo André e São Bernardo.
Fonte: Diário do Grande ABC