(At 5, 17-26; Jo 3, 16-21)
Dom Pedro Carlos Cipollini – Residência Episcopal
Mais uma vez estamos unidos na fé para celebrar o amor de Deus por nós e ouvir sua Palavra de Vida. Sejamos todos bem-vindos. Abramos nossos corações para deixar a luz de Deus entrar. Ela nos anima e encoraja nestes tempos tristes.
A Primeira Leitura nos sugere a pergunta: quem pode aprisionar a Palavra de Deus? Os apóstolos, movidos pelo entusiasmo da fé na ressurreição de Jesus começam a pregar o Evangelho mas são presos.
Deus porém não os abandona. Ele faz maravilhas pelos arautos da Boa Nova, porque eles difundem a palavra e cumprem o mandato de Jesus: “Ide pelo mundo e evangelizai!”. Deus não os livra da prisão, mas liberta-os de forma misteriosa, o que contribui mais ainda para a difusão da Palavra.
As forças contrárias a Deus podem barrar sua Palavra, por uma noite, um dia, um ano, algum tempo…. Mas a Palavra acaba por vencer e avançar até aos confins do mundo. Pensemos nas tentativas de silenciar o Evangelho: nos primeiros três séculos da Igreja, com a perseguição movida pelo Império Romano. E aqui perto de nós no empo, na Rússia a ex-União Soviética. Temos a certeza ao lermos este trecho dos Atos dos Apóstolos, que Jesus acompanha o caminho da sua Palavra e, de vários modos, está presente na vida dos seus mensageiros, está junto deles para os libertar das prisões externas e internas.
A figura deste mundo passa. Mas a Palavra de Deus permanece para sempre. Ninguém pode dominá-la ou aprisiona-la. Assim também hoje, não pensemos que esta situação que vivemos de não podermos nos reunir presencialmente, irá tolher ou impedir a Palavra de Deus de fazer seu caminho. Ela avança por caminhos, meios e modos que só Deus pode articular, pois, para Ele nada é impossível.
De onde vem a força da Palavra de Deus? Sua força vem do próprio Deus que se manifestou em seu Filho Jesus Cristo, com seu grande amor por nós e o seu desejo de que todos sejam salvos: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16).
A ressurreição de Jesus ajuda-nos a verificar esta intenção de Deus. Se Jesus
não tivesse ressuscitado, tudo permaneceria obscuro. Seria o triunfo do pecado e da malícia do ser humano ao rejeitar o amor de Deus e matar o seu Filho na cruz!. Ficaríamos mergulhados na miséria do pecado. O mal triunfaria clamando pelo juízo de Deus. A terra permaneceria nas sombras da morte.
Mas Deus responde à miséria humana com a misericórdia, assim como o Pai do filho pródigo! Ele revela a sua intenção de amor ressuscitando o seu Filho. Mostra que não quer o juízo, a vingança e o castigo, mas sim a salvação, a vida. A ressurreição manifesta a misericórdia de Deus para conosco e dá-nos uma esperança nova, que jamais perecerá. O pecado está vencido, ultrapassado pela misericórdia do Pai que ressuscita Jesus. Para além do pecado do homem, há uma vida nova que Deus nos oferece.
Para nos remir do pecado, Cristo fez a oblação de si mesmo, que culminou na cruz. O Pai aceitou a oblação do Filho e ressuscitou-O. Mas, na origem da oblação de Cristo está o próprio Pai que: «amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho unigênito… não… para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio d´Ele. Quem acredita n´Ele não é condenado…” (Jo 3, 16-18). S. Paulo acrescenta: “Foi Deus… que reconciliou o mundo Consigo em Cristo, não imputando aos homens o seus pecados…” (2 Cor 5, 19).
A partir desta palavra que meditamos percebemos que o amor de Deus é imenso e eu nada o detém. E que tudo que acontece concorre para a realização de seus planos, até mesmo as pedras no caminho viram pedras que constroem seu Reino e não o impedem de se desenvolver na história. Assim também este momento dramático que passamos terá seu sentido e sua validade para os planos de Deus a fim de salvar a todos. Vai passar. Cultivemos nossa Fé! Amém