HOMILIA: 05º Domingo da Páscoa – Ano C – 19 de maio 2019
30º Aniversário da PASTORAL DAS COMUNICAÇÕES
1ª LEITURA –Atos 14,21b-27;
2ª LEITURA I–Ap 21,1-5a;
EVANGELHO – Jo 13,31-33a.34-35
O tema fundamental da liturgia deste domingo é o do amor: o que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o “mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã: dar testemunho no mundo do amor materno/paterno de Deus.
Na primeira leitura apresenta-se a vida dessas comunidades cristãs chamadas a
viver no amor. No meio das dificuldades e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil recentemente aprovadas nos confirmam no objetivo de formar comunidades.
É esse projeto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama, aos confins da Ásia Menor. No texto que nos é proposto, transparecem os traços fundamentais que marcaram a vida e a experiência dos primeiros grupos cristãos: o entusiasmo dos primeiros missionários, que permite afrontar e vencer os perigos e as incomodidades para levar a todos os homens a boa notícia dessa libertação que Cristo veio propor; as palavras de consolação que fortalecem a fé e ajudam a enfrentar as perseguições (vers. 22a); o apoio mútuo (vers. 23b); a oração (vers. 23b.c).
Sobretudo, este texto acentua a ideia de que a missão não foi uma obra puramente humana, mas foi e é uma obra de Deus. Devemos nos perguntar: Como é que vivem as nossas comunidades cristãs? Notamos nelas o mesmo empenho missionário dos inícios?
Há partilha fraterna e preocupação em ir ao encontro dos mais pobres? Temos consciência de que por detrás do nosso trabalho e do nosso testemunho está Deus?
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade de chamados a viver no amor.
Depois de descrever o confronto entre Deus e as forças do mal e a vitória final de Deus, o autor do “Apocalipse” apresenta o ponto de chegada da história humana: a “nova terra e o novo céu”; aí, os que se mantiveram fiéis ao “cordeiro” (Jesus) encontrarão a vida em plenitude.
A longa história de amor entre Deus e o seu Povo será uma história de amor com um final feliz. Serão definitivamente banidos do horizonte do homem a dor, as lágrimas, o sofrimento e a morte e restarão a alegria, a harmonia e a felicidade sem fim.
O testemunho profético de João na segunda leitura garante-nos que não estamos destinados ao fracasso, mas sim à vida plena, ao encontro com Deus, à felicidade sem fim. Esta esperança tem de iluminar a nossa caminhada e dar-nos a coragem de enfrentar os dramas e as crises que dia a dia se nos apresentam.
O Evangelho nos traz o centro, o miolo da mensagem de Jesus:
O texto divide-se em duas partes. Na primeira parte (vers. 31-32), Jesus explica, na sequência, que a sua morte na cruz será a manifestação da sua glória e da glória do Pai. A “glória” do Pai e de Jesus não se manifesta no triunfo espetacular ou na violência que aniquila os maus, mas manifesta-se na vida dada, no amor oferecido até ao extremo. A entrega de Jesus na cruz vai manifestar a todos os homens a lógica de Deus e mostrar a todos como Deus é: amor radical, que se faz dom até às últimas consequências.
Na segunda parte deste trecho do Evangelho (vers. 33a.34-35) temos, então, a apresentação do “mandamento novo”. Começa com a expressão “meus filhos” (vers. 33a) – o que nos coloca num quadro de solene emoção e nos leva ao “testamento” de um pai que, à beira da morte, transmite aos seus filhos a sua sabedoria de vida e aquilo que é verdadeiramente, fundamental.
Qual é, portanto, a última palavra de Jesus aos seus, o seu ensinamento fundamental? “Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis também amar-vos uns aos outros”. O amor (igual ao de Jesus) que os discípulos manifestam entre si será visível para todos os homens (vers. 35). Esse será o distintivo da comunidade de Jesus.
Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma doutrina ou de uma ideologia, ou os observantes de leis, ou os fiéis cumpridores de ritos; mas são aqueles que, pelo amor que partilham, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. Pelo amor, eles serão no mundo sinal do Pai.
A proposta cristã resume-se no amor. É o amor que nos distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor que é a lei do Reino de Deus!
Nós temos, portanto, uma grande mensagem para levar ao mundo. Nesta celebração estamos agradecendo os 30 anos de existência da PASCOM em nossa Diocese de Santo André. É uma data que merece ser recordada com um misto de realização pioneira. Jesus mandou anunciar a Boa Nova nos telhados e nós estamos fazendo. Os telhados hoje são os MCS, o ambiente dos mass-media que alcançaram um desenvolvimento incrível.
Louvamos e agradecemos a Deus por tudo que nos foi permitido realizar, ao mesmo tempo em que desejamos estar alerta para não sucumbirmos aos perigos que representa hoje o mau uso dos meios de comunicação em especial a rede (internet).
Diz o papa Francisco: “A rede é uma oportunidade de promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso auto isolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar… não basta multiplicar as conexões para ver crescer também a compreensão recíproca” (Papa Francisco in Mensagem para o 53º Dia mundial das comunicações sociais – 2019).
É necessário vencer os perigos da comunicação midiática, considerando o mandamento de Jesus que refletimos acima e assumir que somos membros uns dos outros. Não podemos viver isolados, não podemos ver o outro como concorrente ou inimigo a ser derrotado. É preciso criar comunhão, é precisamente a comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Precisamos uns dos outros.
A rede deve ser usada, portanto, como prolongamento do encontro entre irmãos. O mundo das comunicações deve ajudar-nos a ampliar nosso encontro fraterno a fim de rezarmos juntos, celebrarmos nossa alegria de crer e, sobretudo mobilizar nossas comunidades para a solidariedade que é expressão privilegiada da vivência do amor fraterno.
Diz ainda o papa Francisco, na mesma Mensagem citada acima: “A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos (like), mas na verdade, no ‘amém’ com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros.”
Parabenizando a PASCOM com as palavras do Evangelho exorto a todos a levar ao mundo a mensagem do Amor de Cristo.
AMÉM!