Ocorrida em 21 de março de 2019
Leituras: Jr 17,5-10 e Lc 16,19-31
Queridos irmãos, Senhores Padres aqui presentes, Vigário Geral Pe. Ademir, Vigário Episcopal para pastoral, Pe. Joel, Reitor deste Seminário Pe. Cassiano, demais membros da Comissão de Formadores, seminaristas, irmãos e irmãs.
Louvamos a Deus por nos ter possibilitado com a conclusão da reforma desta casa, a conclusão da reforma das três casas que compõem nosso Seminário Diocesano: Propedêutico, Filosofia e Teologia.
Agradecemos o esforço de todos, dos Reitores, Pe. Dayvid, Pe. Vagner e Pe. Cassiano, em particular do Ecônomo Pe. Alex, todos unidos na gerência dos recursos e execução das reformas. Agradecemos as paróquias que ajudaram, fazendo suas doações, os vários profissionais que trabalharam na obra, na pessoa do Sr. josé. Agradecemos todos que hoje aqui estão, como sinal de amor pela causa da formação dos futuros presbíteros de nossa Igreja.
Enfim, Deus seja louvado por mais esta conquista da Diocese de Santo André, que ao reformar estas três casas, dá continuidade ao esforço dos bispos e reitores que nos precederam e se preocuparam em construir o que hoje conservamos, reformando.
Convido a todos agora para refletirmos a Palavra de Deus, que nesta quaresma nos é colocada como convite do Senhor à conversão, também como iluminação para nós neste momento celebrativo de grande importância.
Este trecho do evangelho nos contrapõe a riqueza e a pobreza através de dois protagonistas: o rico epulão e o pobre Lázaro.
O rico é descrito com desprezo, nem seu nome é falado. Parece que o evangelista quer mostrar toda uma classe de pessoas, que se preocupam somente consigo e passam o tempo gozando a vida, comendo e vestindo-se bem (a púrpura era veste dos príncipes).
A apresentação do pobre é feita com afeto e paixão. Ele é miserável, mas merece ser chamado pelo nome. Enquanto o rico se reclina no divã dentro do palácio, o pobre deita-se na pedra fria do lado de fora. Este pobre tem sua segurança toda em Deus, confia unicamente Nele e tem sua identidade escondida em Deus. Lázaro significa: “Deus ajuda”.
A contraposição é clara: o rico confia unicamente em si e na sua riqueza (lembra a primeira leitura – maldito o homem que confia no homem). O rico nem sequer nota a existência do pobre à sua porta, desejoso de comer as migalhas que os cães não o deixavam pegar, mas em compensação lambiam suas feridas para aliviar sua dor. Os cães tratam o pobre de forma melhor que o rico… O pobre Lázaro está todo em Deus, confia unicamente nele. É um excluído!
O evangelista Lucas quer mostrar que a maioria dos membros da Igreja de sua época eram como Lázaro: pobres e marginalizados. Quer ainda mostrar que a Igreja se levanta para denunciar a dimensão gritante da injustiça e defender os pobres. A Igreja é profética, tem de profetizar, seus ministros recebem o dom da profecia, como Jesus!
Repentinamente tudo muda com a morte dos dois. No mundo futuro a situação se inverte. O rico morreu e foi sepultado, sua honra dura até o sepulcro. Do lado de lá ele está sedento não tem nem uma gota de água para saciá-lo.
Já para Lázaro, é diferente, os Anjos baixam do céu e levam-no ao seio de Abraão, lugar da suprema felicidade. Coloca sua cabeça sobre o peito de seu anfitrião, como faziam os hóspedes de honra nos banquetes, apoiando a cabeça no peito do chefe da família que o convidara.
Cada um recebeu segundo sua própria escolha. Quem egoisticamente confiou em si mesmo agora não tem nada. Quem confiou unicamente em Deus, agora tem tudo.
Diante da súplica do rico para que o Pai Abraão o socorra, tem como resposta a sentença lapidar que pode ser assim resumida: Você com o mau uso de tuas riquezas encontrou a perdição no prazer egoísta. Lázaro com o bom uso que fez de sua miséria, encontrou no seu sofrimento, a felicidade eterna. O rico confiou no homem, o pobre Lázaro confiou unicamente em Deus.
O evangelista não diz que o rico era um ateu, ele chama a Abraão de Pai, pai na fé. O problema dele é que não praticou nem viveu sua fé. Não usou sua riqueza para juntar um tesouro no céu. Sua preocupação estava concentrada em si mesmo, nas suas coisas, no gozar a vida.
A sorte do rico epulão e do pobre Lázaro é selada de forma inexorável e irreversível. Entre os dois e seus respectivos mundos, existe um abismo maior agora do que aquele que havia na terra. O bem, assim como o mal tem repercussão além do tempo, repercute na eternidade. Como e em qual proporção não sabemos exatamente. Eles jogaram sua sorte eterna em suas vidas terrenas.
A apresentação de Deus nesta parábola não é ideal. É difícil atribuir a Deus um comportamento tão severo com um pecador arrependido como o rico. Mas o evangelista deseja colocar em realce o perigo do mau uso das riquezas e da insensibilidade para com os pobres. Isto é fatal porque nos coloca fora do Reino.
Concluamos a reflexão sinalizando que Abraão responde que o anúncio profético é suficiente para que haja conversão dos corações. Não precisa de fatos extraordinários como pede o rico (que algum morto volte à terra). Para quem está disposto, a proclamação da Palavra de Deus, o simples anúncio profético é suficiente para que haja mudança de vida. É preciso que se digam aos ricos: se vocês estivessem ligados aos pobres sobre a terra, estariam ligados a eles também agora no céu. Os misericordiosos alcançarão misericórdia, precisamos profetizar isso!
Meus irmãos, me alonguei um pouco porque quero ressaltar a partir da Palavra de hoje, que o seminário é local de formação para profetas. Padres sacerdotes para o culto sim, padres pastores para pastorear o rebanho sim, mas também, padres profetas para proclamar que Jesus lutou e continua lutando, através de seus ministros, para reunir e formar a família de irmãos e amigos sonhada pelo Pai. Família de irmãos e irmãs, que saibam partilhar os bens e sobretudo o coração.
Convido a todos os presentes e através de vocês, toda nossa Diocese a amar o nosso Seminário, querer bem esta casa, visitá-la e ajudar a mantê-la. Levar a sério como temos feito a formação. O seminário é a pupila dos olhos não só do bispo, mas de todo o clero e de todos os fiéis.
Que Deus nos ajude. AMÉM