Queridos irmãos e irmãs! Nesta celebração eucarística agradecemos a Deus porque Ele dirige sua palavra para nós. Através do batismo nós somos consagrados como povo de Deus para ouvir a palavra de Deus. A palavra de Deus chega até os ouvidos e vai até o nosso coração. Jesus compara essa palavra a sementes, uma parte caiu na estrada, os passarinhos vem e comem, outra parte caiu no meio das pedras, outra parte caiu no meio do mato, começa a nascer pinheiro. E uma quarta parte cai em terra boa. Porém, dá frutos sempre naquelas que não nasceram. Assim são as coisas de Deus, porque para Deus nada é impossível.
Desejamos a terra boa para guardar em nosso coração os ensinamentos que Jesus nos dá. Jesus começou a pregar o evangelho anunciando uma Boa Nova. Evangelho quer dizer Boa Notícia. E deve ser boa notícia sempre para nós. E a palavra de Deus está aí para nos orientar, nos iluminar. Jesus prega boa notícia. Qual boa notícia? Que no meio de tudo isso Deus está presente, Deus quer nos salvar e Ele nos ensina o modo de sermos felizes.
Bem aventurados quem tem sede de justiça, bem aventurados os pobres, aqueles que colocam a sua confiança em Deus. Não é apenas Deus em primeiro lugar, depois ele passa para segundo, terceiro e assim por diante. É acima de tudo, Deus em minha vida porque Ele é o Senhor. Para nós cristãos, Cristo é o Senhor.
Então Jesus, por meio das bem aventuranças nos ensina a viver um novo modo de vida. Um novo clima, onde Deus é Pai e nós vivamos como irmãos. Para isso existe a Igreja. Para ser um local onde se experimenta isso. Por causa da fé, o amor de Cristo, e aliás quem viveu essas bem aventuranças? Jesus. Parece que ao ouvir as bem aventuranças nós estamos vendo a descrição de quem era Jesus. Aquele que confiou no Pai todos os momentos até a hora da morte, ergueu as mãos e entregou o espírito. ‘Não seja feita a minha vontade, mas a vontade do Pai. Meu alimento é fazer a vontade de Deus, a vontade do Pai’.
Primeira, a bem aventurança do pobre, e também o pobre material que não tem mais ninguém para ele, para cuidar dele. Só tem Deus. Por isso, Jesus como manifestação de Deus está ao lado do pobre. Porque sabe que o pobre só pode confiar mesmo em Deus. Porque muitas vezes em nossa sociedade não tem local para o pobre. Nem projeto, nem nada. De forma que só Deus, mesmo. Quantas vezes ouvimos o povo indo visitar esses lugares? Só espera em Deus. Só Deus para olhar a mim. Então Jesus, que é a manifestação de Deus, está ali sempre rodeado pelos pobres, doentes e os pecadores.
Meus irmãos, minhas irmãs. Esse apelo das bem aventuranças é feito hoje de novo para nós, comunidade cristã. Para que todos nós deixemos a palavra de Deus tocar a nossa vida. E possamos acreditar nela. Porque muitas vezes em nossa sociedade, nós vamos a igreja e ouvimos tudo isso.
Mas já é praticado por muita gente. Deus já está agindo. E veja você se não está praticando, tem que praticar. Esse é compromisso de quem ama Jesus Cristo e quer segui-lo. E acredita que Ele pode ensinar o caminho da felicidade. Nós buscamos a felicidade em tantos lugares. Será que acreditamos que Jesus pode ensinar o caminho da felicidade? Pois bem, Ele ensina, está aqui. E Ele ensina o caminho da infelicidade.
O evangelho de hoje é duro. Jesus fala das bem aventuranças, mas também das maldições. ‘Ai de vós ricos’. E aqui nós recordamos daquele rico do evangelho que dava festas e banquetes todos os dias. E a porta da sua casa estava Lázaro, doente, pedindo comida e não recebia. O cachorrinho do Lázaro recebia as migalhas que caía da mesa. Mas o Lázaro não recebia nada.
Então Jesus diz ‘ai de vós’, porque Deus está olhando tudo. E Ele faz a justiça e faz a justiça de forma divina. Lógico que Deus tem o tempo da misericórdia para a nossa conversão. Mas depois também tem a sua justiça. Porque Deus não seria bom, se ele não fosse justo. Por isso, este evangelho nos chama a conversão. Conversão a nível pessoal, conversão a nível social. Porque essa palavra dos ricos, do pobre Lázaro. É uma palavra que mostra a nossa sociedade, onde uma parte pequena mantém riquezas tão grandes e do lado de fora, os miseráveis tem que se contentar ou com nada ou com migalha.
Então é preciso uma conversão do nosso coração e da sociedade. Para que possamos, a exemplo de Jesus, encontrar o caminho da felicidade na solidariedade, na partilha, na misericórdia, na justiça que sabe administrar a vida para todos.
Meus irmãos e minhas irmãs. A comunidade cristã, a paróquia, a igreja existe para levar adiante esse projeto de Jesus, do seu reino, das bem aventuranças. Nós existimos como Igreja não apenas para rezar missas, para fazer a parte das orações. Nós devemos participar de todas as orações, das missas. Mas participar para poder viver o evangelho. Participar da eucaristia, que é a partilha do pão, para partilharmos também o pão com os irmãos. Do contrário, a eucaristia é vazia. E a comunidade tem os seus pastores. Jesus diz ‘eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos’. E Ele nos deixou os pastores na Igreja. E hoje, o padre Paulo Afonso vem assumir essa comunidade para servi-la no seu ministério de pastor.
É um novo desafio. Quando era padre novo, o padre Paulo foi desafiado a iniciar uma paróquia em um local onde tinha o povo bom e generoso. E nesses anos todos, num dinamismo evangélico foi construído mais do que uma igreja de pedra, uma igreja de gente.
Uma das necessidades urgentes reclamadas pela maioria dos padres eleitos pela Igreja hoje é essa pastoral de conjunto. Graças a Deus, nosso Sínodo Diocesano cumpriu a sua tarefa, juntamente com o 8º Plano de Pastoral. Queremos colocá-lo em prática. Aqui está a necessidade de uma conversão pastoral, para sermos uma Igreja em movimento, uma Igreja em Saída.
Que essa comunidade que recebe esse pastor, que é o padre Paulo Afonso, possa junto com ele iniciar uma nova etapa, uma nova caminhada. Que a graça de Deus nos propicia a vivenciar nesta pastoral de conjunto, os párocos que trabalham mais no centro das cidades devem pensar no pastoral olhando para as periferias existenciais e materiais. Não somente para seguir o estilo pastoral de Jesus que iniciou na Galileia até ir a Jerusalém. Mas também porque a maior parte da população do Grande ABC vive nas nossas periferias.
Assim poderemos criar redes de solidariedade entre as paróquias que promovam a dignidade e a vida. Que Deus abençoe o seu ministério aqui, padre Paulo. Que Deus abençoe essa paróquia que o recebe. Amém!