Meus irmãos e minhas irmãs! A palavra de Deus se faz pão na eucaristia. É um sinal, uma fotografia da nossa Igreja, composta de pedras vivas, todos vocês vindo de várias partes, com a mesma fé, na unidade que o Espírito Santo faz entre nós. Estamos aqui, cada um com seu ministério, com o bispo, presbíteros, nesse momento importante para essa paróquia em que se marca o início do ministério paroquial do padre Dayvid.
Todos vocês o recebem de braços abertos e essa palavra de Deus ilumina o que celebramos. Jesus, que dá a vocação, Jesus que chama, Jesus que interpela. A pesca milagrosa foi algo marcante. Muitos estavam envolvidos nela. Mas Jesus chamou e o seguiram apenas alguns. Nós vemos neste Evangelho que os discípulos de Jesus, Pedro e aqueles que foram chamados para segui-lo mais de perto ouviam Jesus esporadicamente. Mas a partir desse dia, eles são chamados a serem apóstolos, a seguirem Jesus mais de perto, dedicando a sua vida, entregando-se à missão. Jesus chama e eles respondem o sim. E esse sim tem uma dinâmica de pobreza, no sentido de que eles deixaram tudo para seguir Jesus. Essa dinâmica de pobreza é o desprendimento de tudo aquilo que pede a realização da missão, tanto dentro de nós como fora.
Esse evangelho nos questiona sobre a missão de todos nós batizados, mas também essa missão maravilhosa daqueles que recebem de Jesus, um chamado especial, para sinalizar na comunidade como bons pastores com seu povo.
Queridos irmãos e irmãs! Não é fácil! O profeta da primeira leitura reluta, mas diz: ‘Eis-me aqui, Senhor! Envia a mim!’. E a partir da fé nessa palavra, Pedro disse a Jesus: “A partir da sua palavra vamos lançar a rede em águas mais profundas.” Então, é a fé na palavra de Jesus que nos capacita, não só a dizer o sim, mas a perseverar neste sim. Em atenção a tua palavra, podemos dizer que nós todos fiéis na Igreja e especialmente os sacerdotes que ocupam este cargo, esse serviço do ministério ordenado, só podemos agir em atenção à sua palavra, colocando fé em Jesus, porque apesar de nossas fraquezas, Ele age. Apesar de nossas deficiências, Ele atua no meio do povo, fazendo-se presente através dos seus ministros, quando devemos agradecer e louvar a Deus por isto.
E assim como esses apóstolos, nós também, em especial os padres, somos chamados a sair em missão. Para levar o que? Levar o anúncio do mistério pascal, que São Paulo na segunda leitura explicita: “Cristo morreu e ressuscitou!” As forças do mal não dominarão esse mundo, porque o ressuscitado vai vencendo no coração de cada um, na história de cada comunidade e na história da humanidade.
Jesus vence. Esse é o testemunho da comunidade. Ele é o Senhor. É Ele o Senhor da história. A comunidade testemunha cada um ao seu modo, com pequenos e grandes gestos, também, no dia a dia, na luta de cada dia. Testemunha a vitória de Cristo. E o sacerdote também testemunha a vitória de Cristo, testemunhando dia após dia na sua missão árdua, mas maravilhosa.
E o que mais se espera do pároco? Nós estamos aqui celebrando essa Santa Missa em Ação de Graças na posse do pároco. Mais do que o pároco tomar posse da paróquia, a paróquia é que toma posse do pároco. Porque ele vai estar aqui como quem serve. E o que vai dar forças a ele? E o que se espera do pároco? Corresponder ao amor de Cristo faz do padre um homem de Deus. O que se espera dele é que seja um homem de Deus. O que espera do padre, não é isso? Isso mais do que perfeição, exige determinação. Mesmo que não seja perfeito, é preciso ser determinado a atingir essa meta de sinalizar Deus ao povo.
Deus mais que vitórias, Ele fica contente com o empenho constante do pároco para estar unido a Ele. Luta constante para viver um amor constante. A necessidade de cultivar uma forte espiritualidade para cuidar da paróquia. Ainda mais uma paróquia como essa, grande, complexa, exigente. Então, Deus que será o sustento do pároco. A vida espiritual favorece o crescimento no amor e consequentemente a realização do ministério. Do contrário, tudo fica pesado, fica enfadonho. Nos momentos de desânimo e incerteza, de onde vem a força do pároco? Da vida espiritual cultivada dia após dia.
A espiritualidade nunca se encontra apenas na teoria, pois ela também é um comportamento, um modo de vida. A espiritualidade dá força ao pároco, quando constata que não tem as respostas diante de muitas situações absurdas com as quais tem que lidar.
O 6º Encontro Nacional dos Presbíteros do Brasil, cujo tema foi ‘O presbítero missionário, pastor e profeta do mundo urbano’ recomenda aos presbíteros que trabalham nas nossas cidades que é necessário estar em Deus com Cristo. Todo e qualquer momento da vida do pároco deve ser vivido em Cristo, como diz São Paulo. Mas o momento específico e indispensável para adquirir consciência de estar em Deus é a oração. O próprio Jesus é modelo de oração para o Pai, pastor que deve cuidar de um rebanho como o pároco. E a partir da experiência pessoal de comunhão pessoal com Deus, que o pároco poderá agir como missionário no ambiente conflitivo, que é o ambiente urbano.
O padre, assim, não viverá para si próprio. Não é mais ele que vive, mas Cristo que vive nele. O padre que tem espiritualidade vive para Deus em Jesus Cristo e se torna capaz de conduzir os outros para Jesus.
Meus irmãos, a vida espiritual bem cultivada faz com que o pároco viva sua vocação não como um peso estressante, mas como uma oferta, uma doação de si a alguém que nos ama e que nós também amamos, Jesus Cristo. Sem esse diálogo constante com Cristo, perde-se o amigo. Perde-se o Mestre. Perde-se o rumo. Passa-se então a mostrar-se constantemente oprimido por sua vocação. Mostra que assumiu o que não é essencial em sua vocação. União com Cristo.
O pároco tem a sua vida espiritual centrada na palavra e, sobretudo, na eucaristia. Por isso ele pode ser ao mesmo tempo o servidor e o anfitrião da vida em oração da comunidade. O coração e a alma do padre permanece sendo a eucaristia. A palavra e a eucaristia são as duas colunas que se apoia o pároco para cumprir a sua missão no rebanho que lhe foi confiado.
Todos somos convidados a rezar todos os dias para o pároco cumprir a sua missão. Com apoio, acolhida, compreensão de todos. E sabendo que ele é pároco de todos. Não de um grupo, de uma pessoa, mas assim como vocês quando recebem os filhos de Deus. Então o casal casou e nasce o primeiro, o segundo filho e ninguém vai escolher na vitrine: ‘Eu quero esse! Eu quero aquele’. Deus manda os filhos e você recebe. Assim o pároco, que é padre, ele recebe o rebanho. E por amor a Cristo aceita para ir dirigindo, transformando, ajudando, iluminando com a graça de Jesus.
Então, que nunca falte ao pároco a oração pessoal dele e também da comunidade. Hoje é dia de assumir um compromisso. Os paroquianos aqui dessa paróquia. Rezar todos os dias para o padre Dayvid. Para que ele persevere. Ele é um padre bom, competente, esforçado, que tem amor ao povo e que ajuda também a nossa Igreja, porque o padre não é de apenas uma paróquia. Ele é padre de uma Igreja Particular. Ele tem o serviço na paróquia, mas a Igreja também pede geralmente algum serviço. E ele é reitor do Seminário de Filosofia aqui em Diadema.
Que essas missões que a Igreja lhe confiou e que ele desempenha com esforço e todos nós, com sacrifício, sejam acompanhadas das orações de vocês. Diz o apóstolo Tiago que a oração de quem tem fé tem muita força diante de Deus. E tem mesmo! Vocês sabem. Porque se for pedir testemunho aqui, acho que não saímos daqui numa semana. Testemunho da força da oração para transformar os corações e situações para que entrem no dinamismo do Reino de Deus. QUE ASSIM SEJA, AMÉM!