Dia de Nossa Senhora Rainha e coroação oficial da Imagem de Nossa Senhora do Carmo padroeira da Catedral – 22.08.2018
(Leituras: Ez. 37,1-2.8-12; 1Cor 3,9.16-17; Jo 2,13-22)
Prezados irmãos e irmãs que vieram de toda parte da Diocese para louvar e agradecer a bondade de Deus manifestada na existência desta Catedral, local de manifestação das maravilhas do amor de Deus por nós. Prezados padres, diáconos, religiosos e religiosas. Hoje queremos louvar e agradecer os sessenta anos de dedicação deste templo a Deus.
Na primeira leitura nós ouvimos: “Vi jorrar água do Templo” (Ez 47,1). Aqui é o templo onde jorra a água da graça de Deus para toda nossa Diocese, esta graça que é o próprio Jesus agindo na força do seu Espírito, para louvor e glória do Pai. Jesus purifica o Templo conforme ouvimos no relato evangélico (cf. Jo 2,13-22). Com a Palavra do Evangelho aqui proclamada e com a celebração dos sacramentos, Ele purifica a sua Igreja, templo vivo de Deus, para que ela possa dar testemunho da vida nova em favor do Reino de Deus. Igreja que é sinal levantado entre as nações (LG 1), para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação dos cativos e a cura dos enfermos (cf. Lc 4,18). Este local é dedicado, este local é sagrado, é santificado para nós.
Celebramos hoje o aniversário da dedicação da principal igreja de nossa Diocese, sua catedral. Isso é tão importante que a liturgia nos prescreve esta ocasião como solenidade litúrgica. Que a partir desta Igreja Catedral toda nossa Igreja Diocesana seja consagrada e dedicada a Deus, vivenciando o nosso Sínodo Diocesano a cada dia, seguindo as inspirações do Espírito que falou em nossas assembleias pastorais, onde pudemos ouvir e discernir, escutar e falar sobre os caminhos de Deus para nossa ação pastoral.
O que define uma consagração, uma dedicação é estar voltado para cumprir a vontade de Deus. Dedicar uma Igreja é símbolo da consagração do Povo da fé e vocacioná-lo para cumprir a vontade de Deus, assim como Jesus o fez após o seu batismo no rio Jordão, do qual Ele saiu ungido, dedicado totalmente ao Pai que proclamou: “Este é meu filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1, 11). Que nossa Igreja diocesana, assim como esta Catedral seja dedicada totalmente a fazer a vontade do Pai, unindo-se a Jesus a fim de fazer que o Reino se torne cada vez mais presente na força do Espírito Santo.
Hoje celebramos também a festa de Nossa Senhora Rainha e vamos coroar sua imagem que preside o grande painel do presbitério. Imagem de Nossa Senhora do Carmo, orago da catedral. Coroar a imagem de Maria neste dia significa que desejamos nossa Igreja unida a Jesus como esteve Maria sua Mãe, aquela que mais o amou na terra e mais O ama no céu.
Nossa Senhora é modelo de fé para toda a Igreja. A festa de Maria Rainha completa a solenidade litúrgica da sua Assunção ao céu em corpo e alma, celebrada dia 15/08 p.p. O concílio Vaticano II exalta Maria que no final de sua peregrinação terrena foi “elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como Rainha do Universo, para ser conformada mais plenamente a seu Filho…” (LG 59).
Já no século VII Maria é invocada como Rainha, na ladainha lauretana instituída por São Gregório Magno. Rainha dos profetas porque onde ela vai desperta-se a profecia. Assim foi com a visita de Maria a Izabel quando esta profetiza, encontro de Maria com Simeão e Ana quando eles profetizam. Onde Maria leva sua saudação e apresenta o fruto de seu ventre, irrompe a profecia. Ela é rainha dos Apóstolos. Ela mais que todos eles, acompanhou Jesus em todo o trajeto de sua vida terrena em especial na sua paixão e morte. Ela apoiou e orientou os apóstolos no Cenáculo quando irrompe a missão da Igreja. Que ela nos ajude a ser Igreja apostólica, missionária e profética.
Maria é rainha porque mãe de Jesus, rei do universo e salvador de todas as pessoas. Ela se inclinou humildemente ao ouvir a saudação do anjo que a convidou a fazer a vontade de Deus em sua vida (Lc 1, 38). Na sua humildade ela se tornou serva e por isso Deus a exaltou. Agora, na eternidade, ela se inclina para receber a coroa de glória reservada para ela. É a humildade da Maria que hoje é coroada, porque Deus derruba de seus tronos os soberbos e exalta os humildes (Lc 1,51-52).
A humildade não é rebaixamento sem sentido nem renúncia à dignidade do ser humano, mas é o renegar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir o Mestre Jesus, humilde de coração como ele mesmo se apresenta. A glória de Maria é uma glória que brota da humildade e da verdade, por isso é uma glória humilde, conferida pelo Senhor da Glória que é o próprio Deus. E porque a glória de Maria é uma glória humilde, ela continua a servir-nos. É servidora de seus filhos. É rainha para libertar-nos de toda injustiça, angústia e dificuldade. Ela nos ajuda a nos libertar de toda escravidão para nos dar a alegria e a doçura do amor de Deus. Ela nos ajuda a acolher Jesus, ouvir e praticar sua Palavra de luz e vida!
A Cristo humilde e obediente até a morte e morte de cruz, o Pai reservou a glória da ressurreição, porque “para o justo Ele prepara um trono de glória” (1Sm 2,8). Maria participa da glorificação de seu Filho sendo também glorificada. Ela está totalmente em Deus, mas ao mesmo tempo está presente no mundo de maneira nova, sua presença é universal, espiritual e real. A missão de Maria é mostrar Jesus Cristo como único alicerce da Nova Criação redimida (cf. 1Cor 3,11). Seu trabalho é interceder para que sejamos cada vez mais santuário do Espírito Santo que renova todas as coisas.
O povo católico medita no último mistério do rosário a coroação de Maria, o símbolo da coroa e da coroação é compreendido como sinal sensível da ressurreição. A coroa é sinal de vitória e recompensa para os que foram fiéis a Deus (cf. 1Cor 9,24; Ap 2,10). Maria é a serva transformada por Deus em rainha, porque foi chamada a reinar com Cristo Jesus e a participar com Ele do seu governo de amor sobre o mundo.
Maria Santíssima está presente de modo real e misterioso na Igreja. Deus deu a ela a graça de continuar exercitando sua maternidade no Espírito de modo universal. Nós cremos na ressurreição e cremos que Maria está ressuscitada com Cristo. Por isso acreditamos na sua presença aqui neste momento. Cremos na escuridão luminosa da fé e afirmamos com São João Bosco, retratado numa das pinturas desta belíssima catedral: “Gostaria de dizer que Nossa Senhora está verdadeiramente aqui, aqui em nosso meio. Nossa Senhora passeia nesta casa e a cobre com seu manto” (cf. in Memorie biografiche, S. Benigno, Torino 1898-1948, vol. XVII, p. 557).
“Queremos hoje dizer-lhe: Oh! Maria, ao pecador auxilia, ao triste, o fraco e ao pobre, com teu manto a todos cobre!
Louvor à excelsa Trindade, que dê a coroa a quem, Jesus fez Mãe e Rainha nossa. AMÉM” (cf. Lit. das Oras, Laudes, Hino da solenidade da Assunção).
+ Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo Diocesano de Santo André