A fé cristã tem sua base na Trindade, cuja inter-relação profundamente harmoniosa de pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – é, em si, o sinal mais evidente para que os seguidores de Jesus testemunhem o mesmo em sua caminhada.
Os Atos dos Apóstolos, retrato e paradigma por excelência da Comunidade cristã que permanece fiel à escuta do Espírito Santo, mostram de maneira bela como esta realidade fazia parte e se constituía critério decisivo na vida dos primeiros cristãos, que “perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, na partilha do pão e nas orações.” (At 2,42)”
Assim, a comunhão manifestava-se desde o alvorecer do Cristianismo e tornava-se o distintivo pelo qual os discípulos de Jesus eram reconhecidos: pelo amor que tinham uns aos outros (Jo 13,35), pois tinham consciência de integrar os ramos da mesma videira – Cristo (Jo 15,1).
Pode-se dizer, desse modo, que a comunhão de bens está no DNA do cristão: a partir do batismo, torna-se membro do Corpo Místico de Cristo e recebe passaporte como cidadão do Povo de Deus, com quem assume o compromisso de viver em profunda unidade, expressa pela partilha dos dons recebidos, que inicialmente eram depositados aos pés dos apóstolos (At 4,35), como gesto concreto de uma nova forma de viver, pautada pela comunhão de vidas.
No entanto, a comunhão de bens que caracteriza a Comunidade dos seguidores de Jesus ontem e hoje não se restringe ao âmbito material, que é seu aspecto mais visível e prático; mas esta realidade perpassa toda a vida do cristão e da Igreja, em consonância com a total unidade entre Jesus e o Pai: “que sejam um como nós somos um”. (Jo 17,11)
É possível pensar, então, não só em comunhão de bens materiais, senão também no intercâmbio de bens espirituais (penitência, oração, indulgência), pastorais (talentos, carismas, agentes), eclesiais (dioceses, paróquias, movimentos, institutos) e de outras tantas relações que apenas enriquecem a tarefa missionária da Igreja, pela qual somos todos responsáveis.
Tampouco esta comunhão, embora vivida de maneira intensa e especial entre aqueles que partilham a mesma fé, restringe-se à dimensão eclesial, mas estende-se a toda a família humana, criada por Deus e caminhando em direção à plenitude, juntamente a todas as realidades do universo, a serem recapituladas em Cristo. (Ef 1,10)
Portanto, o testemunho cristão no mundo procura tornar presente a ideia de fraternidade, colaborando com a expansão do Reino de Deus, que não é outra coisa senão estabelecer de maneira profunda a comunhão entre todos os homens e o Senhor.
E você, o que pode fazer em sua comunidade e em nossa Diocese para que esta comunhão de bens se torne cada vez mais efetiva?
Artigo desenvolvido pelo revisor e seminarista Vinícius Afonso