Francisco almoçou com reclusos numa visita histórica à prisão de São Vitor
O Santo Padre deixou o Vaticano, na manhã deste sábado e se dirigiu ao aeroporto romano de Fiumicino, para mais uma Viagem Pastoral: a visita à cidade de Milão. A primeira etapa da visita do papa à capital financeira da Itália começou na periferia. Nas “Case Bianche” ele passou cerca de uma hora cumprimentando os moradores e depois entrou na casa de três famílias.
“A Igreja precisa sempre ser restaurada porque é feita de todos nós, que somos pecadores. Deixemo-nos sermos restaurados por Deus, por sua misericórdia. Deixemo-nos limpar nossos corações”, disse o pontífice.
“São vocês que me acolhem ao chegar a Milão! Este é um grande presente para mim: entrar na cidade e encontrar rostos, famílias, uma comunidade. Agradeço-lhes pelos presentes que me deram: uma estola, sinal tipicamente sacerdotal, e uma estátua de Nossa Senhora, que representa aquela posta no ponto mais alto sobre a Catedral”.
Ao se despedir dos moradores do bairro “Casas Brancas” na periferia de Milão, Francisco se dirigiu à famosa Catedral da Cidade para o encontro com os sacerdotes e consagrados.
A capital lombarda é cosmopolita: quase 14% da população é de origem estrangeira. A cidade continua sendo um dos principais centros industriais da Europa.
Na sequência, o papa foi para a catedral de Milão para dialogar com sacerdotes e consagradosre desafios sociais, diaconato como serviço e missão nas periferias.
Respondendo sobre a secularização e a sociedade multiétnica, multirreligiosa e multicultural de Milão, Francisco disse que uma das primeiras coisas que lhe vem em mente é a palavra “desafio”. Todas as épocas históricas, desde o início do cristianismo, foram submetidas a numerosos desafios, tanto na comunidade eclesial como na social.
“Não devemos temer os desafios, aliás é bom que existam, porque são sinais de uma fé e de uma comunidades vivas que buscam o Senhor. Devemos temer quando uma fé não representa um desafio; elas fazem com que a fé não se torne ideologia”.
Depois, referindo-se à realidade multicultural, multireligiosa e multiétnica, contida na pergunta do Padre Gabriel Gioia, o Pontífice disse que a Igreja, em toda a sua história, sempre teve algo para nos ensinar em relação à cultura da diversidade: as dioceses, os presbíteros, as comunidades, as congregações.
A Igreja é “una” nos seus aspectos multiformes. O Evangelho é “uno”. Não devemos confundir unidade com deformidade; é preciso, com a graça do Espírito Santo, fazer discernimento de tudo aquilo que nos conduz à ressurreição e à vida, não a uma cultura de morte.
No final da manhã deste sábado em Milão o Papa Francisco visitou a prisão San Vittore, onde estão reclusas 900 pessoas. Depois de percorrer os diferentes pavilhões e saudar os presos, almoçou com cerca de cem deles, tendo sentado em sua mesa algumas latino-americanas
Percorreu os diversos setores da prisão até chegar na “Rotonda”, a parte central do complexo prisional, que serve de praça para os reclusos e onde pode saudar e ouvir uma ampla explanação.
“Me sinto em casa”, disse Francisco aos presos e um representante pediu ao Papa para rezar por eles para “que seus erros possam ser perdoados” e “as pessoas não olhem para eles com desprezo”. O almoço foi preparado por detentas que frequentam o curso da chamada “Escola Livre de Cozinha”.
Foi colocado à disposição do Papa, segundo seu desejo, o quarto do Capelão para um breve repouso, fato não realizado pela falta de tempo, visto que presidiria logo após a Santa Missa no Parque de Monza, distante 20 km.
No Parque de Monza, diante de um público estimado em 1 milhão de pessoas, o Papa Francisco presidiu na tarde do sábado, , a Santa Missa na Solenidade da Anunciação.
O Papa disse que Deus continua a procurar aliados, continua a procurar homens e mulheres capazes de acreditar, capazes de fazer memória, de sentir-se parte de seu povo para cooperar com a criatividade do Espírito”.
No Estádio São Siro o Papa foi acolhido por jovens crismandos, numa atmosfera de grande festa, por familiares e catequistas. Respondendo às perguntas, aconselhou os pais a transmitirem a fé pelo exemplo, a brincarem com os filhos e aconselhou os jovens a ouvirem seus avós
Uma multidão de 80 mil jovens acolheu o Papa no Estádio de São Siro, em Milão, aos gritos de “Francisco, Francisco”, naquele que foi seu último compromisso em terras ambrosianas antes de retornar a Roma. Uma verdadeira festa da fé, com muita música, cores e danças.
Fonte: Rádio Vaticano