Prezado leitor do Diário do Grande ABC, peço sua permissão para chamar-lhe de irmão ou irmã, peço a todas as pessoas de boa vontade:
Quero me dirigir a todos os que se encontram de coração aberto para acolher uma palavra minha a respeito da tentativa de inserção da chamada Ideologia de Gênero no Plano Municipal de Educação (PME) em alguns municípios de nosso ABC já votados e, em outros, por ser ainda.
Estive por estes dias na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, a convite de membros do legislativo bernardense, para palestrar sobre a Ideologia de Gênero. Essa ideologia consiste, em síntese, no seguinte: nós nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido.
Nesse contexto, deixaria de existir um homem e uma mulher definidos segundo a natureza para dar lugar a um ser humano sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico. Ignorando a biologia, cada um decidiria seu sexo. Deste modo, o plano do Criador estaria subvertido pela criatura a partir de nossas escolas, repetindo o episódio bíblico da torre de Babel no qual os homens querem desafiar a Deus colocando-se no seu lugar (cf. Gn 11,1-9). Além do mais, negar a biologia é negar a ciência. Isto nada tem a ver com a homofobia, realidade da qual também a Igreja é contrária, mas refere-se à própria natureza do homem e da mulher.
Desejo, portanto, exortar a todos os irmãos e irmãs na fé e pessoas de boa vontade, em geral, para que busquem, com empenho, se informar sobre a tramitação do assunto junto aos vereadores, representantes do povo, em suas respectivas cidades. Uma vez informados, manifestem a eles, de modo respeitoso e firme, a sua posição contrária a essa perigosa ideologia. Ela subverte o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher.
A Igreja quer participar, qual fermento na massa, do crescimento e do progresso de nossa sociedade, impregnando-a do Evangelho, sendo sal e luz (Mt 5,14). A Igreja tem o direito e o dever de fazer ouvir a sua voz quando a sociedade se afasta da reta ordem natural. O Concílio Vaticano II declara que “é de justiça que a Igreja possa dar em qualquer momento e em toda parte o seu juízo moral, mesmo sobre matérias relativas à ordem política, quando assim o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”.
Portanto, só homens públicos impregnados de laicismo agressivo que desejam banir da sociedade a Lei de Deus, tem a atitude contraditória de buscar os votos dos eleitores na época das eleições e depois que ganham, votarem contra o sentimento desta mesma população, (note-se que: laicismo é algo bem diferente da laicidade que consiste na positiva separação e respeito à liberdade religiosa por parte do Estado). Não permitamos que a ordem natural seja subvertida por meio de conteúdos antinaturais ministrados em nossas escolas.
Esse laicismo foi experimentado na Câmara de São Bernardo. A Plenária estava lotada de pessoas contrárias à Ideologia de Gênero, de diversos credos, de diversas categorias profissionais. Elas representavam o sentimento coletivo da população brasileira, mas apenas umas 10 pessoas tentavam o todo tempo interromper a minha fala com tambores e apitos. É assim que a intolerência de alguns grupos que pedem tolerância se manifesta. Querem falar, mas não estão dispostos a ouvir nenhum discurso contrário. E vejam que eu me propûs, diante de um pedido deles, a conversar com esse grupo quando a palestra terminasse. É isto para eles, a “democracia” do só eles falam e todos tem de se calar e obedecer.
Aos irmãos leitores, apelo à consciência, diante de Deus e do próximo, com o direito que lhe assiste enquanto cidadão brasileiro, combatam à Ideologia de Gênero, tão prejudicial à educação de nosso país.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André