A primeira mensagem que quero deixar é que rezem por mim. A oração tem poder.
Dom Pedro, como foi receber a notícia de sua nomeação?
Olha, a hora que o Núncio me falou que viria para Santo André, que o Papa já havia me nomeado e que estava só aguardando meu sim, confesso que fiquei surpreso. Tinha me encontrado com o Núncio, cinco dias antes, por ocasião da Assembleia dos Bispos, e ele não havia me falado nada. Fiquei realmente apreensivo com seu telefonema. Somos humanos e senti medo, mas conversando com o Núncio, disse que queria fazer a vontade de Deus em minha vida, e por isso me coloquei nas mãos de Deus, pedindo força para poder cumprir esta missão que Ele estava me confiando.
O senhor possui um plano de ação para a Diocese de Santo André?
Primeiramente gostaria de conhecer, de ouvir, de aprender sobre o Grande ABC. Entendo que estas são atitudes fundamentais para quem chega. Gosto de recordar o Cardeal Martin, professor de teologia, que foi enviado para a grande Arquidiocese de Milão, sem ter tido nenhuma experiência pastoral. E ao ser perguntado pelos jornalistas, disse que primeiro rezou e contemplou. Contemplar quer dizer ouvir, conhecer, tomar contato. É isto que pretendo fazer. Não tenho nenhum plano feito, nenhuma proposta. Claro que vamos seguir o que nos pede, por exemplo, o documento 100 da CNBB; os documentos da Igreja, como o Evangelii Gaudium – a Alegria do Evangelho – do Papa Francisco; o Documento de Aparecida e caminhar sempre tendo como raiz o Concílio Vaticano II. Além disso, quero ouvir os padres; quero muito conversar com cada um deles. A evangelização é um serviço de todos os batizados, mas são os padres que exercem este ministério, que estão integralmente a serviço do povo de Deus.
Como analisa seus principais desafios a frente da Diocese de Santo André?
Olha, eu parto do princípio que para o cristão o mais importante é o amor. E não existe amor sem obediência. E eu venho, obedecendo a Deus. Se Deus me escolheu, Ele me capacita para a missão. Se os bispos me indicaram, se o Núncio me indicou, se o Papa me nomeou é por que eles acreditam que eu posso ajudar. Aqui, vou enfrentar os desafios de toda cidade grande, e já tenho a experiência de ter trabalhado por 28 anos em Campinas, uma cidade grande, com um milhão de habitantes, onde fui pároco em paróquia de periferia, de classe média e também na área central, na Basílica Nossa Senhora do Carmo. Aliás, um fato que muito me animou quando soube que viria para a Diocese de Santo André, foi saber que a Catedral tem o mesmo nome e recordei de minhas experiências pastorais e da espiritualidade carmelita.
Eu não posso me preocupar por que o Espírito Santo já veio na minha frente. Ele já está aqui. Eu não cheguei primeiro. Tenho sempre em mente que para vocês sou bispo, mas com vocês sou cristão. Como bispo, venho com a missão de unir a família de Deus, ser o ponto de união, transmitir a palavra profetizada e defender a Igreja dos perigos que apareçam.
Dom Pedro, poderia nos deixar uma mensagem até a sua posse?
A primeira mensagem que quero deixar é que rezem por mim. A oração tem poder. Rezem para que eu tenha fortaleza, sabedoria e faça tudo segundo a vontade de Deus, nunca a minha. Então, a primeira coisa é a oração pelo bispo. Depois, que vocês tenham coragem, não desanimem nunca. Eu costumo comparar a cidade grande com a coroa de espinhos do Cristo crucificado. Os espinhos são a miséria, a pobrezaeosofrimento.Masnãopodemos desanimar. Jesus nos diz que estará com todos nós até o fim dos tempos. É preciso ter coragem. Coragem é uma palavra bíblica que pode ser traduzida por Fortaleza. Força no Espírito, não estamos sós, Jesus está conosco. Vamos nos unir em torno de Jesus, para juntos fazermos o Reino de Deus.